
Os efeitos das alterações climáticas na natureza - como a acidificação dos oceanos, a subida do nível médio das águas do mar e o aumento da frequência de fenómenos extremos - são já conhecidos e estudados há vários anos. Noutro plano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) garante ser “inequívoco” que estas mudanças afetam também a “saúde humana”, embora medir a dimensão desses impactos seja “um desafio”.
Num artigo publicado na sua página oficial, a OMS sublinha que “as alterações climáticas já estão a ter impacto na saúde de inúmeras formas”, podendo levar “à morte” ou provocar “doenças decorrentes de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, como ondas de calor, tempestades e inundações, rutura dos sistemas alimentares, aumento de zoonoses [doenças dos animais transmissíveis ao homem] e problemas de saúde mental”.
Além disso, lembra a mesma fonte, as alterações climáticas estão a prejudicar muitos dos “fatores sociais determinantes” para uma vida saudável, “como meios de subsistência, igualdade e acesso a cuidados de saúde e estruturas de apoio social”.
Tal como o Polígrafo já verificou anteriormente, tanto estes fenómenos quanto a poluição podem afetar também a saúde do coração. Em diversos relatórios da OMS destinados a monitorizar as respostas de vários países “às ameaças à saúde provocadas pelas alterações climáticas”, assegura-se ainda que a poluição do ar “pode ter consequências diretas e, por vezes, graves para a saúde”, porque “as partículas finas” entram nas “vias respiratórias” e aumentam “a morbilidade e a mortalidade” ao contribuírem para o desenvolvimento de problemas como “infeções ou doenças respiratórias, cancro do pulmão, doenças cardiovasculares, e deficiências cognitivas”.
Noutro plano, as alterações climáticas são também consideradas uma “ameaça à saúde cardiopulmonar”. Num artigo publicado no jornal científico “American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine” lê-se que “mudanças recentes no sistema climático global resultaram em excesso de mortalidade e morbilidade, particularmente entre indivíduos com doença cardiopulmonar preexistente”.
Quanto à saúde mental, um relatório da OMS realça que “as alterações climáticas agravam muitos fatores de risco sociais e ambientais para a saúde mental e problemas psicossociais”, como “reação ao stress”, “comportamento suicida” e “uso de álcool e substâncias”.
Estas consequências são também uma preocupação para a Comissão Europeia que, no seu site, adianta prever-se que “futuras alterações climáticas” resultem numa série de efeitos na saúde, como um “aumento da mortalidade (óbitos) e da morbilidade (doenças) relacionadas com o calor no verão”, um “aumento do risco de acidentes e dos efeitos no bem-estar em geral dos fenómenos meteorológicos extremos” e “alterações a nível do impacto de determinadas doenças”, nomeadamente “doenças transmitidas por vetores, roedores, água ou alimentos”.
Entre os possíveis efeitos enumerados pela instituição que representa e os interesses da União Europeia constam também as “alterações na distribuição sazonal de algumas espécies de pólen alergénico, da gama de vírus, da distribuição de pragas e doenças”.
Em suma, tanto os efeitos atuais quanto os impactos futuros previsíveis relacionados com as alterações climáticas são reconhecidos pelas organizações internacionais, apesar de a sua medição exata ser um desafio. Por isso, sustenta a OMS, “reduzir as emissões de gases com efeito estufa através de melhores opções de transporte, alimentação e uso de energia pode resultar numa melhoria da saúde, principalmente pela redução da poluição do ar”.
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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.
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